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sábado, 31 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Muito bem

Carta
aberta ao Senhor Primeiro Ministro




ESTA CARTA  RETIREI DO BLOG ENTRE AS BRUMAS DA MEMÓRIA, GOSTEI MUITO E DIVULGO AQUI, VISITEM ESTE BLOG ESTÁ MUITO BOM.


Este texto foi publicado hoje no Facebook
por alguém que conheço pessoalmente. Tal como conheço o pai. Foi escrito pela
Myriam, como podia ter sido escrito por dezenas de pessoas com quem lido
diariamente ou quase. Sinto uma enorme revolta, mas pouco mais posso fazer do
que dar-lhe este espaço.



Exmo Senhor Primeiro Ministro



Começo por me apresentar, uma vez que estou
certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome
"de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais
antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais
recuados.



Nasci em França, porque o meu pai teve de
deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa
guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país
onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz
por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui.
Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo
porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde
nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois
se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem
emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não
tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde
nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse
seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu
sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu
pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos
para viver, sonhar e crescer.



Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui
rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e
com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em
Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer
que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei
cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim
licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções,
escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas
oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que
tinha aprendido.



Cresci. Conquistei o meu
primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro
emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais.
Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda.
Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És
provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." -
disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na
redacção". Fiquei.



Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu
primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei.
Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não
arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de
trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos
37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de
licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'.
Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e
professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas
das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano.
Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso
escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu
dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...



Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying.
Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela
vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci -
felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi
que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor.
Percebi que tinha valor.



Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais
pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos.
Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que
deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao
ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que
deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e
descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo
que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres.
Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo
405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A
universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o
ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou
independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar
com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho
uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria
ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim
que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois
sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.



Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor
primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais
elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo
dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco
contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse
viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a
Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho
tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil
euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro,
por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em
aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de
transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido
uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe,
senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça
emigrar...



Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa.
Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro:
Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência
profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo
inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas
duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber
tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o
senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero
pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar,
que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em
Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país,
separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já
agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me
pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus
interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale
enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro)
para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda,
que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito
mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as
melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez
mais raros - valores: um ser humano em formação.



Bom, esta carta que, estou praticamente certa,
o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor
primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já
trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que
sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu
IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro.
No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da
minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o
seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E
leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do
estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para
longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois
aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.



Com o mais elevado desprezo e desconsideração,
desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor
primeiro-ministro.



E como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco,
adeus.



Myriam Zaluar, 19/12/2011

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domingo, 11 de dezembro de 2011

Fim do Euro!!!

Analistas estimam que o fim do euro significa elevados custos




11 de Dezembro, 2011
Os economistas estudam cada vez mais a sério os diferentes cenários possíveis para o caso do desaparecimento ou da saída de alguns países da Zona Euro e estimam que o preço a pagar será sempre muito elevado.Os analistas concordam que, se o euro perder alguns de seus membros ou se acabar, nenhum país sairia incólume, pelo menos a curto prazo.
Segundo uma análise do Capital Economics, mesmo se apenas a Grécia, Portugal e a Irlanda saíssem do euro nos próximos dois anos, o PIB da zona euro seria reduzido em 1% em 2012 e em 2,5% em 2013, uma proporção equivalente ao da recessão de 2008-2009.
Numa nota recente, o banco UBS estimou que, se um país "fraco" como a Grécia saísse do euro, isso custaria entre 9.500 e 11.500 euros per capita no primeiro ano e 2000 a 4000 nos anos seguintes.
De acordo com este estudo, se um país "forte" como a Alemanha deixasse a Zona Euro, as consequências também não seriam neutras: o custo por habitante seria de 6.000 a 8.000 euros no primeiro ano, ou seja 20 a 25% do PIB do país, e de 3.500 a 4.500 euros nos anos seguintes.
O retorno às moedas nacionais resultaria em desvalorizações para alguns e valorização para outros.
De acordo com Jens Nordvig, da Nomura Securities, se a Alemanha voltasse ao marco, esta moeda valorizar-se-ia face ao dólar, enquanto, inversamente, a Grécia iria ver o valor da sua moeda cair 60%, enquanto que a Itália, a Bélgica e a Espanha 35%.
De acordo com a maioria dos analistas, com uma nova moeda, os países mais frágeis deveriam reestruturar a sua dívida a um custo muito mais elevado e os respectivos sistemas bancários nacionais arriscar-se-iam a entrar em colapso por causa da pouca confiança na nova moeda.
Os cidadãos, face ao risco de desvalorização das suas economias, seriam tentados a retirar as suas poupanças dos bancos, as empresas teriam dificuldade para conseguir capital e, finalmente, a economia não poderia funcionar, causando o risco de instabilidade social.
Por outro lado, se fosse um país como a Alemanha a deixar o euro, a valorização da sua moeda iria levá-la a perder a sua quota de mercado nas exportações.
O mesmo aconteceria se a Alemanha mantivesse o euro, juntamente com um grupo de países, enquanto a França e a Itália deixassem a moeda única.
Neste caso, «não é certo que o franco fosse desvalorizado face ao euro», disse à AFP Jacques Cailloux, analista do Royal Bank of Scotland, destacando que a Alemanha ficaria enfraquecida pelo facto de que «o seu sistema bancário ter uma exposição de 200 bilhões de euros nos bancos franceses».
Pelo mesmo motivo, o desaparecimento da zona euro ou a sua sobrevivência de forma reduzida seria prejudicial para as economias externas; daí os fortes apelos dos EUA para que os líderes europeus encontrem uma solução para a crise da dívida.
A longo prazo, o quadro poderá não ser assim tão negro.
«As perspectivas de longo prazo para as ex-economias da eventual antiga zona euro podem ser melhoradas pela capacidade dos antigos Estados-Membros em implementar as suas próprias políticas e em permitir a flutuação das respectivas moedas», escrevem os analistas da Capital Economics, salientando que a desvalorização lhes permitiria tornarem-se mais competitivos, sem redução dos salários.
Lusa / SOL

sábado, 3 de dezembro de 2011

Mais 10 milhões para Fundo de Socorro Social

Mais 10 milhões para Fundo de Socorro Social

O Governo vai reforçar em 10 milhões de euros o Fundo de Socorro Social, destinado a prestar apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) ou equiparadas, anunciou neste sábado o Ministério da Solidariedade e Segurança Social (MSSS).

Em comunicado, o MSSS diz ter conhecimento do "momento difícil que as instituições e as famílias atravessam" e de que as instituições têm continuado a dar resposta mesmo com a diminuição da comparticipação das famílias ou, em alguns casos, com a incapacidade das famílias em continuarem a pagar os serviços.  
"Sabemos das situações limite e do carácter urgente que enfrentam e por isso, numa lógica de lhes prestar auxílio, o Governo vem agora reforçar o Fundo de Socorro Social", diz o MSSS.  
No comunicado, o Ministério explica que quer "regressar à génese do Fundo de Socorro Social" para que ele funcione como um Fundo de Emergência Social e para que não continue apenas a "servir para financiar seminários ou estudos".  
Nesse sentido, para além do reforço financeiro, o MSSS prepara-se para rever a legislação do Fundo de Socorro Social, como, aliás, o ministro Pedro Mota Soares tinha anunciado na altura da apresentação do Programa de Emergência Social.  
"Vamos até ao final do ano apresentar um decreto-lei que além de uniformizar numa só lei os vários diplomas sobre este tema existentes, deverá adequar e actualizar os seus conteúdos", revela o MSSS.  
A revisão legislativa servirá para criar "critérios para a elegibilidade", bem como para rever as normas para a utilização do Fundo, "incrementando o rigor, a justiça e garantindo que aqueles que recebam verbas deste fundo são os que delas realmente necessitem".  
O Fundo de Socorro Social tem por objectivo ajudar as IPSS ou equiparadas que tenham fins de acção social e de combate à exclusão social estando abrangidas situações que digam respeito a cidadãos dependentes por velhice, deficiência ou invalidez, cidadãos sem abrigo, cidadãos vítimas de violência e famílias temporariamente sujeitas a grave diminuição de rendimentos.